Na manhã desta terça-feira (17), uma estudante de 19 anos atirou contra um colega dentro da Escola Estadual Berilo Wanderley, localizada no bairro Neópolis, na Zona Sul de Natal. O jovem, de 18 anos, aluno do 3º ano do ensino médio, foi atingido por um disparo na cabeça e levado para o Hospital Walfredo Gurgel. Além disso, testemunhas relataram que a estudante teria tentado disparar contra uma professora antes de ser contida e presa pela polícia.
Em Mossoró, no dia 11 de dezembro, um adolescente de 12 anos foi baleado durante uma tentativa de assalto a caminho da escola no bairro Sumaré. O estudante estava na garupa de uma motocicleta conduzida pela mãe, quando os dois foram abordados por um homem que caminhava na rua, e anunciou o assalto. Assustada, a mãe do aluno acelerou a moto, e o assaltante disparou uma arma de fogo. O tiro atravessou a perna esquerda do adolescente.
Os dois casos expõem não apenas a crescente insegurança nas escolas, mas também os desafios relacionados à saúde mental dos estudantes e dos educadores, questões que se entrelaçam e exigem uma resposta imediata e eficaz.
Investir em segurança nas escolas nunca foi tão urgente. Medidas de prevenção, como a presença de segurança e o monitoramento constante de possíveis comportamentos de risco, são necessárias para proteger os estudantes e profissionais da educação. Contudo, a solução para a violência escolar não se limita somente à repressão.
Para o neuropsicólogo Rodrigo Maciel é preciso criar ambientes seguros onde os alunos possam se expressar sem medo de serem julgados ou agredidos. “A escola pode desempenhar um papel importante na promoção da saúde mental, inserir programas de educação socioemocional no currículo, utilizar atividades como rodas de conversas, palestras, workshops e campanhas que abordem temáticas que envolvam saúde mental. Oferecer formação e capacitação sobre saúde mental para os servidores, incluindo a família nas ações para criar uma rede de apoio, de modo que a saúde mental esteja no centro das discussões escolares, além de integrar o suporte psicológico com profissionais especializados para alunos e educadores”, destaca. Além disso, uma política efetiva de controle de armas é essencial para evitar que tragédias como essas se repitam.
A saúde mental de alunos e professores também precisa de atenção. O contexto de insegurança gera uma pressão emocional imensa sobre a comunidade escolar. Para os alunos, o medo de se expor, de serem agredidos ou de viverem em um ambiente tenso pode prejudicar o desenvolvimento escolar e emocional. Para os educadores, o estresse constante e a sobrecarga com o comportamento dos alunos muitas vezes são fatores que contribuem para o esgotamento e problemas como a síndrome de burnout. “Identificar sinais de risco permite que a escola e família intervenham de forma preventiva, evitando que o sofrimento se agrave, observar mudanças de comportamento como: agressividade, irritabilidade, isolamento social, queda no desempenho escolar, aumento no numero de faltas, dificuldades em manter amizades ou relações saudáveis, são alguns dos sinais que podem ser fatores de risco”, revela Rodrigo.
Diante dessa realidade, é fundamental que o governo invista em infraestrutura e programas de apoio psicológico nas escolas públicas. O Sinte Regional Mossoró cobra da governadora Fátima Bezerra a implantação de políticas públicas que integrem segurança, saúde mental e educação de qualidade. É preciso criar ambientes mais seguros e acolhedores para todos. Somente com uma abordagem integrada, que envolva segurança, educação emocional e apoio psicológico, será possível transformar as escolas em espaços seguros para o aprendizado e o desenvolvimento saudável dos estudantes.