No sábado (15), a estrutura da Escola Estadual Professor José Nogueira, localizada no bairro Santo Antônio em Mossoró, foi novamente abalada pelo descaso com a educação pública no Rio Grande do Norte. Parte do muro da instituição desabou durante a noite, na Rua Vivaldo Dantas de Farias, agravado pelas intensas chuvas que marcaram o final de semana. Este não é o primeiro incidente envolvendo o muro, que já cedeu em outras ocasiões.
A situação, que poderia ter resultado em tragédia, não é um caso isolado. A estrutura física das escolas da rede estadual, como a da Professor José Nogueira, segue comprometida por um longo histórico de negligência da atual gestão, que ignora a urgência das reformas e manutenções necessárias. Há muito tempo, o gestor da escola, Augusto Araújo, já havia alertado sobre os riscos iminentes. Inclusive, um ofício foi enviado à Secretaria de Educação do Estado solicitando providências. Mas, como sempre, o governo permanece inerte, deixando educadores e alunos à mercê de um sistema que desaba por todos os lados.
“Desde 2017 a escola vem tendo problemas com a estrutura do muro. Por último, notamos um declive, onde a estrutura estava pendendo para um dos lados. Enviamos um ofício à DIREC, mas ninguém apareceu para avaliar a situação. Com as chuvas, não deu outra, o muro veio abaixo”, afirmou Augusto.
O diretor revela que há anos a escola luta por uma calçada, que poderia ter evitado a queda do muro, já que, durante as chuvas, o escoamento da água desemboca diretamente na lateral da escola. “O que oferece sustentação a qualquer muro é a calçada, e na Escola José Nogueira temos essa luta há dez anos, sendo que as promessas nunca foram concretizadas”, desabafa.
A situação é apenas um reflexo do quadro alarmante da educação pública no estado. O abandono se reflete também no desmonte da carreira dos professores. Além de negligenciar as condições físicas das escolas, o governo se mostra insensível à construção de uma carreira digna para os profissionais da educação. A gestão estadual ainda empurra com a barriga a implementação do pagamento do piso salarial dos professores, desrespeitando direitos conquistados.
O muro da Escola Estadual Professor José Nogueira simboliza um sistema educacional que desaba pela falta de atenção e de ação efetiva por parte do governo estadual. E não para por aí. De acordo com o diretor Augusto, outra parte desse mesmo muro, cerca de 60 metros, encontra-se em risco de desabamento. “O declive é para dentro da escola, e essa é minha preocupação. Já interditamos essa parte, e hoje, após o que aconteceu, o engenheiro finalmente foi à escola”, revela.
A população, os professores e os alunos merecem um governo que se comprometa de verdade com a educação pública, que não deixe as escolas caírem aos pedaços e que respeite os direitos dos profissionais da área. A luta por uma educação digna e valorizada está mantida.
