A educação é o motor que move o mundo. É por meio dela que muitas realidades são transformadas. Em 2024, 1.228 estudantes do Rio Grande do Norte foram atendidos de forma especializada pelas classes hospitalares e domiciliares da rede estadual de ensino, garantindo que a interrupção das aulas por motivos de saúde não fosse um obstáculo para o aprendizado.
Entre essas histórias de superação, uma se destaca pela força e dedicação de todos os envolvidos: a trajetória de Lucas Gabriel, um jovem de 20 anos diagnosticado com mucopolissacaridose, uma doença rara que, mesmo com as limitações físicas que trouxe, não conseguiu diminuir o desejo do estudante de alcançar a universidade. Acompanhado pela escola estadual Abel Coelho, localizada em Mossoró, e pela classe hospitalar sediada na Associação de Apoio aos Portadores de Câncer de Mossoró e Região (AAPCMR), Lucas teve a oportunidade de realizar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, conquistar uma vaga no curso de Ciência da Computação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN).
De acordo com mãe de Lucas, Lucineide Ricardo, o filho recebeu ao longo do percurso todo o apoio que precisava para lutar por esse sonho: “Ele foi muito bem acompanhado, tanto na escola regular, como nos dias em que precisou ficar no hospital. No momento em que Lucas teve que fazer a traqueostomia, ficamos 36 dias internados, e ele não deixou de ter assistência escolar.”
O apoio da equipe pedagógica foi fundamental para essa história de sucesso. A professora Hemaúse Emanuele, destaca a importância de proporcionar esperança por meio da educação: “É um campo de atuação onde podemos transmitir esperança para que essas crianças e adolescentes compreendam que a vida não parou. O fato de estudar e manter o vínculo com a escola faz com que esses estudantes alimentem a esperança. Ser professora de classe hospitalar é, acima de tudo, garantir o direito educacional e a possibilidade de sonhar.” Hemaúse, que conheceu Lucas quando ele ainda tinha 8 anos, reforça o impacto de uma equipe colaborativa no desenvolvimento do estudante: “A doença trouxe algumas limitações físicas para Lucas, mas nunca foi forte o bastante para apagar seu desejo de chegar à universidade.”
Outro elo importante na história de Lucas é a professora Shirley Aquino, que acompanhou de perto o seu crescimento durante o ensino médio. Shirley, professora de Educação Especial na escola Abel Coelho, compartilha que a trajetória de Lucas foi marcada por um trabalho colaborativo: “Cada um desempenhou um papel essencial. Os professores regulares adaptaram o ensino e as atividades, enquanto os professores de educação especial ofereceram suporte pedagógico especializado. E a classe hospitalar garantiu a continuidade dos estudos durante a internação.” Para Shirley, a aprovação de Lucas na UERN é um símbolo de vitória da educação inclusiva, provando que, com dedicação e apoio, não há limite para os sonhos: “Essa conquista reforça que, com o apoio de todos, qualquer sonho é alcançável.”
A diretora da escola Abel Coelho, Emanuela Lima, também destaca a importância de uma equipe multidisciplinar para o sucesso do estudante. “É como se fosse um grande motor, onde todas as peças são importantes. Sem essa colaboração, seria difícil atingir o objetivo. A escola realiza uma verdadeira força-tarefa para garantir que a educação seja firmada, não importa o desafio.”
A classe hospitalar é um serviço educacional fundamental para estudantes que, por motivos de saúde, precisam passar longos períodos internados. No Rio Grande do Norte, esse atendimento é oferecido a alunos em instituições de saúde e também nas residências, em cidades como Mossoró, Natal e Caicó.
A trajetória de Lucas Gabriel, que agora é universitário, é um exemplo de como a educação, aliada à inclusão, ao acolhimento e à dedicação de todos os envolvidos, pode transformar vidas, e garantir um futuro com mais possibilidades. Essa história nos lembra que, mesmo diante dos desafios, é possível avançar e crescer.
