Um levantamento atualizado pelo projeto D³e -Dados para um Debate Democrático na Educação revelou que, entre janeiro de 2001 e dezembro de 2024, o Brasil contabilizou 42 ataques de violência extrema em escolas. O dado mais alarmante é que 27 desses episódios, o equivalente a 64,2% do total, ocorreram apenas nos últimos três anos: 10 em 2022, 12 em 2023 e cinco em 2024. A pesquisa foi elaborada com apoio da B3 Social e da Fundação José Luiz Setúbal.
Dos 45 autores identificados, três ataques foram cometidos por duplas, apenas um era do sexo feminino. O caso envolveu uma estudante de 19 anos que, em dezembro de 2024, baleou um colega dentro de uma escola em Natal (RN). Não houve mortes, e a autora foi responsabilizada criminalmente como adulta.
Se partirmos para dados locais mais recentes, em maio deste ano, 2025, um estudante de 14 anos foi ferido na Escola Municipal Duarte Filho, em Mossoró, vítima de um ataque. O responsável responde processo na justiça.
Embora o número de ataques tenha diminuído no último ano, o relatório alerta para a persistência de um cenário preocupante e levanta uma questão central: as respostas imediatas, baseadas em contenção e repressão, estariam realmente combatendo as causas estruturais da violência escolar?
Ao todo, os ataques deixaram 44 mortos, sendo 32 estudantes, seis funcionários e seis suicídios de autores e 113 pessoas feridas. A maioria dos episódios (33 dos 42) foi classificada como de natureza ativa, ou seja, com intenção deliberada de causar o maior número possível de vítimas. Nove ataques tiveram alvos específicos.
Outro dado relevante diz respeito ao perfil socioeconômico das comunidades escolares afetadas: 81,39% dos casos ocorreram em escolas frequentadas por estudantes de famílias com nível socioeconômico médio, médio-alto e alto.
De acordo com o estudo, as 43 escolas atacadas estão distribuídas da seguinte forma: 23 estaduais, 13 municipais e sete particulares. Um dos criminosos chegou a invadir duas instituições diferentes durante um mesmo ataque, no município de Aracruz, Espírito Santo.
Diante da complexidade do problema, o relatório propõe um conjunto de medidas estruturais. Entre as principais recomendações estão a ampliação do atendimento em psicologia e serviço social nas redes públicas de educação básica e o fortalecimento das escolas de tempo integral como espaço de proteção, desenvolvimento e vínculo comunitário.
Apesar da leve redução nos episódios em 2024, os organizadores do estudo enfatizam que a violência escolar no Brasil não pode ser enfrentada apenas com soluções pontuais ou de emergência. A Regional do Sinte Mossoró compreende que, é preciso ir além do reforço na segurança e atuar nas causas sociais, psicológicas e educacionais que alimentam esse tipo de tragédia.