O Rio Grande do Norte alcançou um importante marco educacional em 2024. Segundo dados recém-divulgados pela Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o estado possui a maior média de anos de estudo do Nordeste. A população potiguar com 15 anos ou mais alcançou uma média de 9,6 anos de escolaridade, superando estados vizinhos como Pernambuco (9,4), Ceará (9,2) e Bahia (9,2).
Esses números indicam avanços significativos no acesso e permanência dos potiguares na escola. No entanto, o retrato completo da educação no estado continua marcado por contrastes e desigualdades estruturais. Apesar das conquistas, o Rio Grande do Norte convive com a taxa de analfabetismo. O índice estadual é de 10,4%, quase o dobro da média nacional de 5,3%, ligeiramente abaixo da média nordestina, que é de 11,1%.
O crescimento dos anos médios de estudo e da taxa de escolarização é, sem dúvida, um indicador de progresso. Mas ele precisa ser interpretado com cautela. A permanência de elevados índices de analfabetismo evidencia que o sistema educacional tem falhado em garantir não apenas o acesso, mas a aprendizagem efetiva e contínua para toda a população.
Além disso, a média de anos de estudo, embora superior à dos estados vizinhos, ainda está abaixo dos 12 anos mínimos esperados para uma formação básica completa (ensino médio). Isso significa que boa parte dos potiguares ainda não concluiu sequer esse nível de ensino, um obstáculo sério à inclusão e à cidadania plena.
O desafio agora é transformar quantidade em qualidade, e garantir que mais anos de estudo se traduzam em aprendizagem real, habilidades desenvolvidas e oportunidades ampliadas. É necessário intensificar políticas de alfabetização de jovens e adultos, ampliar o acesso à educação de qualidade no interior e investir na formação de professores, na infraestrutura escolar e no combate à evasão. O RN mostra que é possível avançar, mas precisa agora encarar de frente suas contradições.