Quando pensamos em uma sala de aula, é comum imaginar um ambiente de troca, respeito e aprendizado. Mas, para muitos professores e professoras, a realidade é bem diferente. Nos bastidores da educação, um problema grave e muitas vezes invisível persiste: o assédio e a discriminação no ambiente de trabalho.
Essas violências podem vir de todos os lados: alunos, familiares, colegas de trabalho e até superiores hierárquicos. E atingem diretamente a saúde emocional, a dignidade e o direito de trabalhar com segurança. Para muitos docentes, o ambiente escolar, que deveria ser um espaço de proteção e respeito, se torna um lugar de vulnerabilidade constante.
“O mais difícil não é só passar pela situação, é o silêncio que vem depois. As pessoas veem, mas fingem que não”, conta uma professora da rede municipal de ensino em Mossoró, que pediu anonimato. “Você começa a duvidar de si mesma, a se perguntar se não está exagerando.”
Casos de assédio moral e sexual ainda são frequentes nas instituições de ensino, embora muitas vezes não sejam reconhecidos como tal. Comentários depreciativos, isolamento, insinuações, pressões injustas, elogios inapropriados ou ameaças veladas são algumas das práticas que, quando repetidas ou normalizadas, configuram formas de violência. A ausência de informação e apoio contribui para que essas situações se arrastem por anos, em silêncio.
Recentemente, a Escola Municipal Felício de Moura viveu uma situação onde um pai de aluno assediou sexualmente alunas e funcionárias. O caso está sendo apurado pela policia civil. Os exemplos estão espalhados por outras unidades de ensino, independentemente do lugar e da rede de ensino, seja município, estado ou educação privada.
Com o objetivo de enfrentar esse cenário, o Sindicato dos Professores de São Paulo (SinproSP), em parceria com o escritório LBS Advogadas e Advogados, lançou a cartilha “Assédio Moral e Sexual no Trabalho”. Esse é o segundo volume da série “Conhecer para Combater”, que começou com o tema “Violência contra a Mulher”.
A nova publicação é mais do que um manual: é uma ferramenta de resistência. Com linguagem acessível e conteúdo didático, a cartilha explica o que é assédio moral e sexual, apresenta exemplos reais e oferece orientações jurídicas, institucionais e práticas para quem sofre ou presencia esse tipo de violência no ambiente escolar.
O lançamento do material marca mais um passo na luta por dignidade no trabalho docente. E traz um recado claro: a violência não pode ser parte do cotidiano escolar. Denunciar, acolher e transformar são ações urgentes e possíveis.
Apesar da publicação ter sido criada no outro lado do país, o problema é recorrente em qualquer parte. A cartilha pode ser acessada através da internet em qualquer parte do mundo. A cartilha “Assédio Moral e Sexual no Trabalho” está disponível gratuitamente no site do SinproSP: https://www.sinprosp.org.br/upl/arq/MOBILE_cartilha-assedio-trabalho.pdf