O acesso ao ensino superior virou realidade para quase 10 milhões de universitários espalhados pelo Brasil. São 9,9 milhões de alunos matriculados em cursos nas modalidades presencial e a distância, um crescimento de 5,6% em 2023 na comparação com 2022. Nos últimos nove anos esse é o maior avanço alcançado pela educação superior. Os dados são do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) e o Ministério da Educação (MEC), divulgados na quinta-feira (3), presentes no Censo da Educação Superior 2023.
O documento revela uma espécie de mapa da educação no país, e aponta um cenário que cresce em ritmo acelerado: os cursos de educação à distância (EADs). No período entre 2018 e 2023, essa modalidade cresceu 232%, conquistando a marca de 4,9 milhões de matrículas. Para aqueles atentos aos números, isso significa dizer que 49% dos universitários brasileiros vivem essa experiência. A rede particular de ensino concentra a maioria dos estudantes nos cursos EADs, com 79,3% do total. Entre 2022 e 2023, o crescimento foi de 7,3%, na contramão, as instituições públicas tiveram uma queda de 0,4% das vagas ocupadas. De acordo com o professor Fábio Nascimento, “não é exatamente o modelo de formação que irá dizer se o profissional é mais ou menos qualificado. O aluno precisa fazer o dever de casa, e buscar crescer diante da realidade que escolheu”, reforça. O professor ainda destaca que, a escolha pela modalidade de estudo depende da necessidade do formando, “tanto no ensino à distância, quanto no presencial, a qualidade da instituição deve ser levada em conta para uma formação de excelência”, diz Fábio.
Em um recorte ainda mais minucioso, o Censo aponta que 67,1% dos professores em formação, nos cursos de Pedagogia e licenciaturas, estudam no modelo EaD. Somente em 2023, essa escolha prevaleceu para 81% dos calouros. A expectativa é de que, neste ano, esse número seja superado. Atualmente, a diferença de alunos matriculados em cursos presenciais é de apenas 150. 220 vagas ocupadas. Para o professor Universitário, Thiago Costa, “a grande preocupação com o aumento dos cursos EaD na formação de professores para a educação básica é a qualidade da formação pedagógica”, afirma. Doutor em Economia da Educação, ele ressalta que, embora o ensino à distância ofereça flexibilidade e amplie o acesso à educação, especialmente em áreas remotas, a falta de interação presencial e de práticas supervisionadas pode comprometer o desenvolvimento de competências fundamentais para o trabalho em sala de aula.
Na rede privada de educação, os futuros professores respondem por 1.097.92 vagas, contra 572 mil na pública, com diferença de 500 mil universitários de uma para outra. No ensino privado, 90% das licenciaturas são ministradas à distancia, enquanto no sistema público, esse número cai para 19,7%. “Isso pode refletir negativamente na qualidade do ensino oferecido na educação básica, afetando a preparação prática e pedagógica dos futuros professores” afirma Thiago. Para o professor, estamos diante de um momento em que, é necessário a criação de novas públicas integradas de gestão da qualidade educacional atrelada a expansão dos cursos de licenciatura, pois é imprescindível identificar elementos que possam assegurar a qualidade da formação desses alunos e da gestão dessas instituições. Vale lembrar que, este ano o MEC apresentou regras para a formação de docentes no formato a distância, estabelecendo o mínimo de 50% da carga horário no modo presencial.