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Dia Mundial da Educação: celebração e resistência

Sumário

Neste 28 de abril, Dia Mundial da Educação, é preciso fazer uma pausa não apenas para celebrar avanços, mas também para refletir sobre os muitos desafios que ainda marcam o cenário educacional no Brasil e, de forma particular, no Rio Grande do Norte. Em Mossoró, segunda maior cidade do estado, o retrato da educação é um mosaico de contrastes: de um lado, conquistas importantes, e de outro, a persistência de problemas estruturais e a necessidade constante de mobilização.

Em 2024, após anos de cobrança por parte da categoria, o governo estadual atendeu a uma das principais demandas dos educadores: a realização de um concurso público para o magistério da Educação. Foram disponibilizadas 598 vagas e o número de inscrições surpreendeu — quase 50 mil pessoas se candidataram, das quais cerca de 35 mil tiveram suas inscrições homologadas. O dado reforça que a profissão de educador ainda desperta vocações e sonhos, mesmo diante de tantos obstáculos.

Mas o ano de 2025 chegou com a luta sindical ainda como ferramenta essencial para garantir direitos básicos da categoria. Após uma paralisação que durou 34 dias, os professores do estado, liderados pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do RN (Sinte-RN), conquistaram quatro das cinco pautas reivindicadas, entre elas o reajuste do piso salarial e o avanço no Plano de Cargos, Carreiras e Remuneração (PCCR). Uma vitória construída com muito diálogo, resistência e pressão.

Na esfera municipal, porém, o cenário também é preocupante. Em Mossoró, a gestão local tem adotado uma postura de confronto velado, marcada por ações judiciais contra a greve dos professores e tentativas de cerceamento do movimento sindical. Em vez de diálogo, o que se viu foi a judicialização de uma luta legítima: a exigência do cumprimento da Lei do Piso. Ao mesmo tempo em que professores da cidade são premiados nacionalmente e alunos se destacam em competições educacionais, persistem problemas como escolas sucateadas e reformas interrompidas, isso nas esferas das redes do município e estado.

A página da regional do Sinte Mossoró tem sido um retrato fiel dessa dualidade: mostra conquistas relevantes, mas também expõe com clareza os desafios diários enfrentados por quem está na linha de frente da educação.

Em uma perspectiva mais ampla, pensando o Brasil como um todo, os dados do Censo Escolar de 2024, divulgado pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que o país avançou no acesso à educação básica, ampliou o ensino integral e está próximo de universalizar o atendimento na pré-escola. No entanto, o relatório também escancara os problemas que ainda precisam ser enfrentados com urgência: a qualidade da aprendizagem segue desigual, o acesso às creches está longe do ideal e a valorização dos professores ainda não é uma realidade plena. Soma-se a isso o fenômeno do “apagão do magistério”, o crescente desinteresse por cursos de licenciatura, e a evasão escolar, que ainda afasta milhões de crianças e jovens das salas de aula.

Portanto, neste Dia Mundial da Educação, o Rio Grande do Norte, e Mossoró em particular, têm sim o que comemorar. Mas os motivos de preocupação são igualmente reais. É preciso reconhecer os avanços, mas também manter viva a chama da luta por estrutura, por valorização e, acima de tudo, por respeito à educação pública como direito essencial e inegociável.

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