Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors
Em Mossoró, luta por inclusão leva família a mudar de cidade para garantir educação e desenvolvimento de criança autista

Sumário

Imagine que você é mãe ou pai de uma criança autista. Todos os direitos dessa criança, em maior ou menor grau, são negligenciados pelo município. Falta educação, saúde, qualidade de vida. E então, você se encontra de mãos atadas. Foi essa a experiência que Tayres Braga, mãe do menino Lucas, viveu em Mossoró.

Cansada de ouvir negativas por parte das escolas e de outros órgãos da prefeitura, em 2024, Tayres, que é eletricista e tem formação superior em Segurança do Trabalho, precisou deixar de lado a profissão e se mudar para Serra do Mel, a 30 quilômetros de distância da chamada “Mossoró Cidade Educação”. Mas antes disso, enfrentou desafios que muitas famílias atípicas, que dependem da gestão municipal, conhecem bem.

Atualmente, Lucas tem 7 anos. Desde que começou a estudar, aos três, passou um ano fora da escola por falta de vagas destinadas a crianças autistas. Foi então que Tayres acionou o Ministério Público do Rio Grande do Norte (MPRN).

“A matrícula era feita on-line e, quando eu sinalizava que meu filho era autista, não havia vaga. Do contrário, a vaga aparecia. Isso foi apresentado à Justiça, que durante a audiência obrigou a escola a receber  Lucas”, relata Tayres.

Quando finalmente conseguiu garantir um lugar na sala de aula, percebeu que ainda faltava muito. Tayres via o filho regredir — e ela também. “Levei dois anos para conseguir um neuro, e isso porque fui desesperada ao encontro da então secretária de Saúde, Morgana Dantas, e implorei até que ela conseguiu um encaixe”, conta.

Mas o que o município de Serra do Mel tem de diferente, que a “tão desenvolvida” Mossoró não consegue oferecer ao filho de Tayres, a ponto da família precisar mudar de endereço? “Em Serra do Mel, Lucas está na segunda série e é matriculado na Escola Eva, com auxiliar em sala e atendimento psicológico. Nunca vi isso em Mossoró. Meu filho tem acesso à psicomotricidade, fonoaudiólogo, neuro e até natação. Aqui, a cidade é pequena, a verba é menor, mas a prefeitura consegue oferecer tudo que falta em Mossoró”, afirma.

Um ano depois de deixar Mossoró, agora com acesso à educação e às terapias, o menino Lucas conquista, todos os dias, mais autonomia. “Lucas não falava, não tinha acesso às terapias, só comia arroz de leite e suco. Hoje, voltou a comer de tudo. Aqui ele planta, cria animais e tem o apoio que necessita”, diz Tayres.

Atualmente, Tayres é agricultora. Ela e o filho encontraram em Serra do Mel tudo o que buscavam e, que Mossoró não foi capaz de oferecer: educação, saúde e bem-estar. Mas quantas famílias o prefeito Allyson Bezerra ainda vai querer ver tendo que largar tudo, por não conseguir garantir, em sua gestão, o cumprimento das leis que amparam crianças autistas e tantas outras? São famílias que lutam pelo básico. “A Mossoró ocultada é essa, só quem passa sabe. Desejo que todas as mães de autistas possam ter os direitos de seus filhos garantidos”, finaliza.

Em Mossoró, Lucas é assistido pela APAE. A prefeitura de Serra do Mel disponibiliza o transporte para as viagens.