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Em Mossoró, mães atípicas enfrentam dificuldades na educação Inclusiva dos filhos

Sumário

Ruth Poliany, mãe de dois filhos atípicos, descreve a realidade da Escola Municipal Antônio Soares de Aquino, onde o filho de 5 anos estuda. “É o terceiro ano dele, e a escola continua sem climatização, com salas pequenas e insalubres. Não há espaço para recreação, e das 12 crianças da sala, 4 são autistas. Isso é uma grande dificuldade”, desabafa Ruth.

A situação, segundo ela, se repete em outras escolas do município. A falta de estrutura física e a ausência de recursos humanos especializados, como auxiliares de sala de aula e profissionais capacitados para desenvolver Planos Educacionais Individualizados (PEIs), são falhas recorrentes no sistema educacional de Mossoró. Ruth também menciona que, em anos anteriores, seu filho passou um mês sem poder frequentar a escola por conta da falta de auxiliar, uma situação que a levou a registrar uma denúncia no Conselho Tutelar.

Ventilador antigo e sem manutenção

Com o início do ano letivo agendado para a próxima segunda-feira (17), mães de crianças atípicas enfrentam um cenário preocupante. A dificuldade para garantir a matrícula de seus filhos em escolas da rede pública é apenas o começo de uma jornada que, muitas vezes, se transforma em uma luta constante por condições mínimas de aprendizagem. E quando finalmente conseguem matricular seus filhos, a realidade que se apresenta em sala de aula é, no mínimo, desafiadora.

“O Mossoró Educação, que tanto se fala na mídia, não oferece vagas suficientes para nossas crianças. Falta capacitação para os professores, e os auxiliares são escassos. Será que neste ano teremos alguém para acompanhar meu filho?”, questiona Ruth, que também enfrenta a dificuldade de garantir o atendimento adequado para seu outro filho, que possui Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e estuda na rede estadual.

Banheiro com infiltrações

A Constituição Brasileira, junto a outras legislações como o Estatuto da Criança e do Adolescente e a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, assegura o direito ao atendimento educacional especializado para estudantes atípicos. A Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista também destaca que a inclusão escolar é fundamental. No entanto, as mães denunciam que, na prática, esses direitos são ignorados, e a inclusão se transforma em um desafio diário.

Priscila Rayane, mãe de um aluno autista não verbal, compartilha sua preocupação com a falta de empatia no ambiente escolar. Ela afirma que as escolas precisam entender as necessidades específicas dessas crianças, começando pelo comportamento dos funcionários. “A escola precisa ter empatia. Não podemos ficar correndo atrás todos os dias para que nossos filhos tenham o atendimento que a lei garante. Sinto que muitos direitos são violados, como o acesso aos auxiliares e o desenvolvimento do PEI”, denuncia Priscila.

A situação descrita por essas mães revela um sistema educacional que ainda está longe de oferecer o que as leis brasileiras asseguram a essas crianças. A falta de capacitação, de recursos e de uma gestão eficiente da inclusão educacional em Mossoró é visível. A realidade é clara: o município falha em cumprir o básico para garantir uma educação inclusiva de qualidade.

O que essas mães e seus filhos enfrentam não é apenas o desafio da matrícula. O maior obstáculo está na permanência desses alunos na rede de ensino. A inclusão escolar vai além do simples ato de matricular: ela exige que as escolas estejam preparadas para lidar com as especificidades de cada criança. Isso implica em estrutura adequada, capacitação dos profissionais e recursos especializados.

Mas o que se vê em Mossoró é um sistema educacional fragilizado, que não tem sido capaz de garantir o cumprimento das leis que asseguram o direito à educação de qualidade para todos. A pergunta que fica é: até quando as mães e os alunos atípicos terão que lutar contra um sistema que deveria estar ao seu lado? Não basta prometer inclusão, é preciso oferecer a estrutura necessária para que ela aconteça de forma real e efetiva. Mães como Ruth e Priscila querem respostas claras e ações que reflitam os direitos que seus filhos já deveriam estar tendo.

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