Em 2022, cerca de 10 milhões de jovens brasileiros entre 15 e 29 anos estavam fora da escola ou não haviam concluído a educação básica. Esse número representa 19,9% da população nessa faixa etária, segundo um estudo inédito divulgado no relatório “Juventudes Fora da Escola”, elaborado pela Fundação Roberto Marinho, Fundação Itaú e Itaú Educação e Trabalho.
A pesquisa traça um panorama preocupante sobre a exclusão educacional no país. Entre os grupos mais afetados pela evasão ou não conclusão da educação básica estão pessoas com deficiência, moradores de áreas rurais e jovens de baixa renda. A desigualdade socioeconômica aparece como um dos principais fatores associados ao abandono escolar. Enquanto nas classes de maior renda o percentual de jovens fora da escola não ultrapassa 2%, entre os mais pobres esse índice dispara.
O relatório destaca que a necessidade de trabalhar é o principal motivo apontado pelos jovens para terem deixado os estudos. A pressão para gerar renda muitas vezes torna inviável a continuidade da formação educacional, especialmente em famílias em situação de vulnerabilidade.
Além de mapear os dados, o estudo propõe caminhos para reverter o cenário. Entre as estratégias discutidas estão políticas públicas de apoio à permanência na escola, flexibilização de jornadas para quem trabalha e expansão de programas de educação para jovens e adultos (EJA).
Para o professor Fábio Júnior, diretor do Sinte-RN, a solução para o problema passa também por uma mudança na dinâmica escolar. “É preciso realizar um trabalho conjunto entre família e escola, e com isso trabalhar a busca ativa desses alunos. A escola deve estar preocupada em apresentar aulas mais dinâmicas. Muitas vezes o aluno não tem garra para estudar determinada disciplina, mas gosta de participar de projetos, de estar envolvido em uma aula de campo, por exemplo”, afirma.
O professor ressalta ainda que, embora muitas dessas iniciativas demandem investimento financeiro, é possível enfrentar a evasão escolar com criatividade e comprometimento. “Na maioria das vezes é preciso recurso financeiro para isso, mas é possível trabalhar a evasão escolar”, conclui.
Ao escancarar os desafios enfrentados por milhões de jovens brasileiros, o relatório Juventudes Fora da Escola reforça a urgência de políticas integradas e eficazes que garantam o direito à educação, além de uma escola mais atrativa, conectada com a realidade e os interesses da juventude.