Um anúncio feito pelo ministro da Educação, Camilo Santana, tem dividido opiniões entre professores, estudantes e sociedade: a proibição do uso de celulares em salas de aula. O projeto de lei está sendo preparado, e deve ser encaminhado ao Congresso Nacional ainda neste mês de outubro. A proposta visa excluir os aparelhos tanto de escolas públicas quanto privadas, incluindo celulares e tablets, mesmo durante o intervalo entre as aulas. De acordo com a pasta, o PL carrega o desafio de reduzir o excesso de telas entre os estudantes, reforçar a atenção durante as aulas e, garantir segurança jurídica por parte das instituições de ensino.
De acordo com dados da TIC Educação, pesquisa que analisa o uso das Tecnologias de Informação e Comunicação nas Escolas Brasileiras, com dados referentes a 2023, o uso do celular é proibido em 28% das escolas brasileiras. De outra forma, seis em cada dez escolas adotam regras de acesso. A prática vem sendo discutida no mundo todo. Em países como China, França, Finlândia e Holanda, os celulares estão fora do ambiente escolar. Na Holanda, por exemplo, o aparelho até pode ser usado, mas somente se tiver relação com a aula. A cidade de Mossoró já começa a dar alguns passos sobre o assunto, visto que alguns colégios passaram a adotar a proibição ou o uso de regras para acesso.
Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e Cultura (UNESCO) o uso indiscriminado do celular durante as aulas é capaz de atrapalhar o aprendizado e a socialização com os colegas, e pode aumentar o risco de doenças mentais, como ansiedade e depressão.
Em visita a Escola Estadual Professor Abel Freire Coelho, em Mossoró, o tema dividiu a opinião entre os estudantes que, apenas concordam que sejam criadas regras para o uso do aparelho, sem que aconteça proibição permanente por parte da escola. Para a estudante do 2º ano, Eddy, 16 anos, é nítido que os alunos precisam da assistência tecnológica, portanto o uso de celular é fundamental, “é errado proibir, inclusive, algumas instituições de ensino já providenciaram caixas para guardar os aparelhos dos alunos, eu não concordo com isso”, destaca. De acordo com Eddy, os pais, professores, e a equipe pedagógica são os únicos interessados nessa proibição. “Usar o celular para atender uma ligação, responder mensagens importantes, realizar uma pesquisa, no que isso pode atrapalhar?” indaga.
Já o estudante Crisleyciano Barbosa, 16 anos, costuma usar o celular como ferramenta de auxilio em sala de aula, e acredita que o aparelho desconcentra o aluno somente se for utilizado de maneira errada, “às vezes o professor diz uma palavra que não está no meu vocabulário, então, puxo o celular e pesquiso, ou cita algum ponto interessante, entro no bloco de notas e registro. Só não é legal usar para outros fins, enquanto o conteúdo está sendo explicado”, defende.
Para o professor aposentado, Isaque Soares, o celular pode ajudar. De acordo com ele, o grande desafio da escola pública é fazer com que o aluno confie no professor, e para isso, as aulas precisam ser de alto padrão, ou seja, de boa qualidade, mas tratando-se do aparelho, “na hora da aula é preciso prestar atenção na explicação, e o aluno não pode servir dois senhores ao mesmo tempo, por isso o celular deve ser usado apenas se houver uma finalidade relacionada com a aula”, declara.
Questionada sobre ser contra ou favor do projeto de lei, Emanuela Lima, diretora da escola, revelou que o tema divide opiniões, sendo necessário abrir espaço para o debate. A diretora aposta no uso intencional e pedagógico do celular “como educadora defendo a utilização do equipamento, no entanto, é preciso que professores ou monitores possam acompanhar esse processo, para garantir que a metodologia seja cumprida durante as aulas, fazendo com que o celular ganhe sentido em sala”, esclarece.
O Sinte Mossoró aguarda os próximos desdobramentos por parte do governo, para poder tomar um posicionamento. É preciso analisar cada item do Projeto de Lei, e maturar o tema. E quanto a você, o que pensa sobre o assunto? É hora de levar essa discussão para a sala de aula e rodas de conversas.