A Universidade de São Paulo (USP) concederá um diploma honorífico à estudante potiguar Lígia Maria Salgado Nóbrega, que foi perseguida e morta pela ditadura militar em 1972, aos 24 anos. Natural de Natal, Lígia se mudou para São Paulo ainda na infância e cursou Pedagogia na USP. A homenagem póstuma integra o projeto Diplomação da Resistência, criado com a ideia de outorgar diplomas honoríficos a 31 estudantes da USP que perderam a vida durante o regime militar, buscando reparar injustiças e preservar a memória dos ex-alunos.
A cerimônia de diplomação honorífica de Lígia acontecerá no dia 3 de abril, às 16h, no auditório da Faculdade de Educação da USP, enquanto outras homenagens a estudantes mortos já estão sendo realizadas. Conforme o Memorial da Resistência, a potiguar ingressou no curso de Pedagogia da USP em 1957. Em 1970, ela se juntou à Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares), uma organização de resistência à ditadura militar que contou com nomes como o da presidenta Dilma Rousseff.
Ligia morreu no dia 29 de março de 1972, aos 24 anos, grávida de dois meses, durante uma operação policial que atingiu um imóvel usado como esconderijo da VAR-Palmares. O episódio, conhecido como Chacina de Quintino, foi coordenado por agentes do Destacamento de Operações e Informações (DOI) do I Exército, com o apoio do Departamento de Ordem Política e Social do Estado da Guanabara (DOPS/GB) e da Polícia Militar.
O corpo de Lígia foi levado ao Instituto Médico Legal (IML) como desconhecido no dia 30 de março, e sua família só soube da morte por meio dos noticiários. O reconhecimento do corpo ocorreu em 7 de abril, quando seu irmão o identificou. Os restos mortais de Ligia foram enterrados no cemitério de São Paulo.
Uma ação semelhante à da USP aconteceu em 6 de dezembro de 2024 na UFRN, quando a instituição concedeu diplomação simbólica a outros dois potiguares vítimas da ditadura: Emmanuel Bezerra dos Santos, do curso de Ciências Sociais, e José Silton Pinheiro, do curso de Pedagogia.
iniciativas como essa lembram às novas e velhas gerações o que aconteceu, para que nunca mais na história ocorra tamanha atrocidade.